A Oncologia

Toda célula em nosso organismo acumula mutações ao longo da vida e algumas vezes, infelizmente, por uma combinação de mutações propulsoras ocorre o desenvolvimento do câncer. Essa doença, também denominada neoplasia, pode ocorrer em qualquer idade e atingir qualquer órgão do nosso organismo.

Para entender o conceito de câncer devemos entender o que é mutação.

Mutação é uma alteração do material genético de uma célula. Como nosso material genético codifica proteínas, a consequência da mutação poderá impactar na função de determinada proteína e consequentemente da funcionalidade da célula mutada.

Nosso organismo surge através da junção de duas células iniciais, óvulo e espermatozoide, que possuem metade do nosso material genético humano, e quando somadas formam o que chamamos de embrião, o qual possui a totalidade dos nossos cromossomos (46 ao total, XX ou XY).

Esse conteúdo genético pode ser passado já com alguma mutação? Sim, a mutação hereditária pode ocorrer e numericamente ocorre em menor número do que a mutação somática (quando ocorre de maneira isolada, já as células do próprio individuo).

Baseado nos conceitos da embriogênese humana, existem alguns tipos de células no corpo humano, que quando se diferenciam, produzem alguns tumores enquadrados nos seguintes subtipos:

  • Leucemias: tumores em células do sangue e medula óssea.
  • Carcinomas: tumores que ocorrem em células que revestem os órgãos internos, mucosas e pele. Existem alguns subtipos destes, por exemplo, como adenocarcinoma, carcinoma de células em anéis de sinete, carcinoma de células escamosas.
  • Sarcomas: tumores que surgem em células musculares, células do sistema nervoso periférico, células do sistema osteoarticular, gordura, vasos sanguíneos.
  • Linfomas: tumores que surgem em células do sistema linfático.
  • Mieloma: tumores que surgem na linhagem dos plasmócitos, células do sistema hematopoiético.

Sim; os tumores benignos surgem da proliferação de células de determinado órgão mas não possuem características malignas de provocar metástases (as células proliferarem em outros órgãos a distância). Os tumores benignos podem causas sintomas locais de dor, compressão de algum vaso ou nervo e ter indicação de ressecção para alívio dos sintomas.

Existem alguns fatores de risco que estão relacionados ao desenvolvimento do cancer, sejam eles consumo de substâncias carcinogênicas, exposição à radiação, sedentarismo, obesidade, tabagismo, consumo de álcool.

A associação entre exposição a carcinógenos no ambiente ocupacional começou a ser descrita no século XVIII em Londres, Inglaterra. O cirurgião Percival Pott percebeu um aumento do número de casos de tumores de testículo em meninos da cidade. O principal fator era que eles eram limpadores de chaminés das fábricas da cidade. Essa associação entre substância carcinogênica e cancer até então não era tão fortalecida.

Atualmente temos conhecimento de uma série de fatores conhecidamente carcinogênicos, segundo dados da IARC (International Agency for Research on Cancer) – link https://www.iarc.who.int/: exposição à radiação solar, consumo de álcool, tabagismo e consumo de alimentos processados.

Outros fatores provavelmente relacionados são consumo de carne vermelha, diversas outras substâncias químicas dentre outros.

Os exames de imagem são importantes não só no diagnóstico do cancer, mas também no acompanhamento dos pacientes já tratados. Eles são indicados para rastreio oncológico programado ou pode apresentar alguma alteração suspeita quando realizado o exame por alguma queixa específica. Uma importante lição é sempre levar seus exames de imagem para seu médico checar, pois o diagnostico inicial pode ser realizado a partir de uma pequena alteração suspeita.

Um dos métodos de imagem utilizados rotineiramente é a tomografia computadorizada. Este é um exame que utiliza radiação em doses seguras para realizar uma avaliação completa de órgãos internos. Pode ser necessário o uso ou não de contraste, a depender da solicitação da equipe médica.

A ressonância nuclear magnética é um exame que utiliza o campo eletromagnético para formar a imagem, portanto não utiliza radiação. Em determinadas situações tem uma acurácia melhor para identificar lesões suspeitas, sejam em exames direcionados para região pélvica ou região de vias biliares; lembrando que pode ser utilizada também em outros cenários.

A radiografia de tórax pode ser utilizada de forma complementar em determinadas situações, principalmente caso relacionado a doenças do sistema osteoarticular.

Os exames endoscópicos são importantes no diagnóstico e tratamento oncológico. Podem ser direcionados a avaliação de cavidade oral (laringoscopia), estomago (endoscopia), pulmão (broncoscopia), intestino (colonoscopia, retossigmoidoscopia), canal anal (anuscopia), bexiga (cistoscopia) e útero (histeroscopia). São exames que podem necessitar de preparo para realização, além de procedimentos anestésicos.

Devem ser realizados por profissionais capacitados e em ambiente devidamente preparado. As biopsias dos exames devem sempre ser encaminhadas para análise histológica, realizada por médico (a) patologista. Os achados são discutidos com o oncologista e demais especialistas incluídos no caso.

A avaliação da biopsia ou da peça cirúrgica é realizada pelo (a) médico (a) patologista. Este é o profissional habilitado para avaliação e diagnóstico patológico. Os tumores sólidos são classificados de acordo com características microscópicas das células e podem ser classificados em: carcinomas, linfomas, sarcomas, melanoma, plasmocitomas (derivado dos plasmócitos), tumores do sistema nervoso central.

Além da análise microscópica é realizada a avaliação imunoistoquímica, com uso de corantes ou anticorpos específicos marcados com proteínas já conhecidas, que são utilizados de acordo com a suspeita clínica do subtipo do tumor e sua localização.

A citologia é um procedimento diagnóstico realizado em laboratório de patologia e usado para avaliação de tumores de linhagem hematopoiética (leucemias, linfomas) ou utilizada em líquidos corporais (líquido ascitico, líquido pleural) com intuito de ajudar na identificação das células do tumor e em sua avaliação imunoistoquímica.

São proteínas produzidas por células normais e em contexto de alteração das células, como em uma proliferação anormal. Quando identificado títulos séricos elevados, deve-se suspeitar de alguma alteração no órgão relacionado.

Os marcadores séricos mais conhecidos são PSA, CA19-9, CEA, CA125, CA 15-3, CA72-3. Devemos pontuar que com exceção do PSA, os demais marcadores não devem ser utilizados em avaliação de rastreio oncológico populacional de rotina, salvo em situações excepcionais. Eles são reservados para uso no seguimento do tratamento e após o tratamento. O uso indiscriminado dos marcadores séricos pode levar a realização de exames de imagem e endoscópicos desnecessários, impactando na saúde mental do paciente e elevando os custos em saúde.

Oncologia
Equipe Multidisciplinar na Oncologia

A equipe multidisciplinar

O tratamento oncológico demanda uma serie de profissionais da equipe médica e paramédica para procedimentos de diagnostico, tratamento, acompanhamento clínico e possíveis intervenções de sequelas pós-tratamento.

O (a) médico(a) que realiza o diagnostico, indicação de tratamento e acompanhamento dos pacientes com câncer. Participa das decisões acerca de procedimentos cirúrgicos e radioterápicos, além da prescrição de tratamento sistêmico quando indicado. No caso de tumores relacionados ao sistema hematopoiético (linfomas, leucemias e mielomas), o (a) médico (a) Onco-Hematologista assume o papel central no tratamento destas enfermidades.

Profissional responsável pelo acompanhamento clínico, aplicação de quimioterapia e demais tratamentos sistêmicos, seguimento dos pacientes em tratamento e organização de seguimento pós-tratamento.

Profissional que participa do tratamento do paciente oncológico nas questões de ajuste de prescrição, acompanhamento das doses do tratamento e toxicidades, interações medicamentosas com medicações já em uso e auxílio em caso de novas medicações.

Profissional que atua no tratamento de pacientes oncológicos, seja na reabilitação após procedimentos diagnósticos ou terapêuticos que atuam na fala ou deglutição, seja no tratamento de sequelas pós procedimentos em região de cabeça e pescoço.

O (a) psicólogo (a) participa ativamente no tratamento oncológico, seja no início, durante ou após o tratamento. Importante no quesito de trabalhar as dores do tratamento, discutir formas de enfrentamento da doença e auxílio na programação do tratamento.

Profissional que participa de forma direta no tratamento do paciente oncológico, na coordenação do tratamento nutricional, seja na implementação de suplementos ou na organização da dieta. Além disso, em tratamentos que produzem efeitos adversos no sistema digestivo tem papel muito importante.

Profissional que participa da saúde de todos os pacientes, seja na programação pré-tratamento, com indicação de tratamentos odontológicos antes dos tratamentos, durante o tratamento – seja no tratamento de alguma toxicidade bucal – ou no pós-tratamento, no seguimento dos pacientes.

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