O câncer de mama é o tipo mais comum na mulher, excluindo câncer de pele não melanoma. A estimativa do INCA para o triênio 2023-2025 é de mais de 73 mil novos casos. É uma doença heterogênea, com subtipos diferentes e tratamentos direcionados para cada um deles.
Quadro Clínico e Diagnóstico
Os sintomas incluem a presença de um nódulo ou espessamento na mama, alterações na textura ou aparência da pele da mama, vermelhidão, descamação ou ulceração no mamilo e secreção mamilar.
A suspeita, na maioria dos casos, vem através de exames de imagem alterados, como mamografia e ultrassom das mamas. A confirmação diagnóstica é feita por meio de uma biópsia da lesão na mama. O tratamento depende do subtipo, estágio do câncer e da gravidade da doença, e pode incluir cirurgia, radioterapia, quimioterapia, terapia alvo e imunoterapia. Após a confirmação, exames de imagem de estadiamento, como tomografias computadorizadas, ressonância magnéticas, cintilografia óssea são necessários para avaliação da extensão da doença.
Câncer de mama Luminal
Os tumores luminais são o tipo de câncer de mama mais frequente, representando cerca de 70% de todos os tumores de mama. Este nome é dado pela dependência das células cancerosas a hormônios femininos, como estrogênio e progesterona. São geralmente diagnosticados em mulheres após a menopausa e apresentam um crescimento mais lento do que outros subtipos de câncer de mama.
Tratamento
Além da cirurgia, a terapia hormonal é um componente fundamental do tratamento desse subtipo de câncer de mama. Essa terapia utiliza medicamentos que bloqueiam a ação dos hormônios estrogênio e/ou progesterona no corpo, impedindo que o tumor cresça.
Tratamentos com quimioterapia são complementares, indicados em casos de doença com comprometimento extra mamário, pacientes jovens ou tumores agressivos, por exemplo. Radioterapia habitualmente é indicada quando a cirurgia é conservadora.
Câncer de mama HER2 positivo
O câncer de mama HER2 positivo é um subtipo que apresenta uma alta expressão do gene HER2. Esse tipo de câncer de mama é mais agressivo do que os tumores luminais devido à rápida divisão celular e maior probabilidade de metástase. Pacientes podem apresentar tumores com expressão exclusiva do HER2 ou em combinação com expressão de receptores hormonais.
Tratamento
Além da ressecção cirúrgica, a terapia direcionada também é um componente importante do tratamento do câncer de mama HER2 positivo. Essa terapia utiliza medicamentos que bloqueiam a ação das proteínas HER2 nas células cancerosas, impedindo que o tumor cresça. Os medicamentos mais comuns incluem trastuzumabe, pertuzumabe e trastuzumabe entansina (T-DM1).
Câncer de mama triplo negativo
O câncer de mama triplo negativo é um subtipo de câncer de mama que não apresenta a expressão dos receptores hormonais estrogênio e progesterona, nem a proteína HER2. A ausência desses componentes o torna o subtipo mais difícil de tratar e mais agressivo.
Tratamento
Devido à ausência dos receptores hormonais e da proteína HER2, a terapia hormonal e a terapia direcionada não são eficazes no tratamento do câncer de mama triplo negativo. Por esse motivo, a quimioterapia é a opção de tratamento, após a ressecção cirúrgica. Atualmente a imunoterapia mostrou benefício no tratamento desse subtipo de câncer de mama e vem sendo utilizada no cenário de neoadjuvância e metastático.
Prevenção
A prevenção do câncer de mama luminal envolve a adoção de um estilo de vida saudável, incluindo a manutenção de um peso saudável, a prática regular de exercícios físicos, o consumo moderado de álcool e a redução da exposição a fatores de risco, como o tabagismo, exposição a altos níveis de radiação ionizante e a terapia hormonal.
É importante que as mulheres realizem exames regulares de mamografia, especialmente após os 45 anos de idade, para detectar precocemente do câncer.
Texto colaborativo de Dra. Natasha Carvalho Pandolfi
Oncologista clínica pelo AC Camargo Cancer Center