Cuidados Paliativos

Os Cuidados Paliativos são uma abordagem multidisciplinar que visa melhorar a qualidade de vida de pacientes com doenças graves e crônicas, com foco na prevenção e alívio do sofrimento físico, emocional, social e espiritual.

Esses cuidados são prestados por uma equipe de profissionais de saúde, que incluem médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, dentre outros, que trabalham juntos para atender às necessidades individuais do paciente e de sua família.

Os cuidados paliativos incluem o controle de sintomas como dor, náusea, falta de ar e ansiedade, assim como o suporte emocional e espiritual ao paciente e aos seus familiares. Também envolvem a comunicação aberta e honesta sobre o prognostico e opções de tratamento disponíveis para que o paciente possa tomar decisões informadas sobre sua saúde e qualidade de vida.

Os cuidados paliativos não visam curar a doença, mas sim oferecer conforto e bem-estar ao paciente, respeitando suas preferências e desejos. Eles podem ser fornecidos em qualquer fase da doença, incluindo durante o tratamento oncológico ativo, e podem continuar após a morte do paciente, oferecendo suporte à família durante o processo de luto.

Os cuidados paliativos têm uma história relativamente recente, mas foram influenciados por tradições de cuidados de saúde que remontam a milhares de anos. Na antiguidade, muitas culturas adotavam práticas de cuidado de pacientes gravemente doentes e terminais. A terminologia e os conceitos modernos de cuidados paliativos só surgiram no século XX.

A moderna abordagem aos cuidados paliativos surgiu na Inglaterra, na década de 1960, através do trabalho de Cicely Saunders, uma enfermeira e médica que criou o St. Christopher’s Hospice em Londres. Ela reconheceu que muitos pacientes com doenças graves estavam sendo submetidos a tratamentos intensivos e invasivos, sem alívio do sofrimento e sem suporte emocional adequado. Ela então propôs uma abordagem mais holística, que levasse em conta o sofrimento físico, emocional, social e espiritual do paciente.

A partir de sua experiência no St. Christopher’s Hospice, Saunders desenvolveu um modelo de cuidados paliativos que se baseava em quatro princípios: alívio da dor e de outros sintomas, tratamento de questões psicológicas e sociais, assistência espiritual e cuidar dos cuidadores da família. Esse modelo se tornou a base dos cuidados paliativos modernos, que se espalharam por todo o mundo.

Desde então, os cuidados paliativos evoluíram para abranger uma ampla gama de condições médicas, incluindo o câncer, doenças cardíacas, pulmonares, neurológicas e outras doenças crônicas. Atualmente, os cuidados paliativos são uma especialidade médica reconhecida em muitos países com profissionais dedicados em hospitais, clínicas e hospices que oferecem as melhores práticas do cuidado.

A rotina de cuidados paliativos no tratamento do câncer é adaptada às necessidades individuais do paciente e pode variar de acordo com o estágio da doença oncológica, a gravidade dos sintomas e as preferências do paciente. No entanto, algumas das atividades comuns que são realizadas como parte dos cuidados paliativos incluem:

Avaliação de sintomas

O controle de sintomas é um dos principais objetivos dos cuidados paliativos no câncer. A equipe de cuidados paliativos irá avaliar e gerenciar os sintomas, como dor, náusea, vômito, falta de ar, fadiga, insônia, dentre outros, para melhorar a qualidade de vida do paciente.

Tratamento da dor

A dor é um sintoma que pode ocorrer e deve ser tratada ativamente. Atualmente existem muitas opções para tratamento da dor, desde medicações orais, endovenosas, adesivos transdérmicos, terapias adjuvantes como acupuntura, fisioterapia, bloqueios medicamentosos ou até mesmo o emprego de radioterapia.

Suporte emocional

O tratamento oncológico impacta não apenas o paciente, mas também sua família. Esse impacto pode ser minimizado com o tratamento conjunto com equipe de cuidados paliativos, que visa o emprego de técnicas voltadas para o acompanhamento do bem-estar do paciente e de seus cuidadores e familiares.

Nutrição

A equipe de cuidados paliativos também acompanhará aspectos relacionados a nutrição, terapias alternativas para dieta que não possa ser oferecida via oral e manejar indicações de outros procedimentos para nutrição do paciente.

Planejamento de cuidados

A equipe de cuidados paliativos quando inserida no tratamento do paciente oncológico poderá atuar no plano de cuidado, indicando melhor via de atendimento ou internação em caso de necessidade de controle de sintomas. Isso inclui internações em hospital-dia ou clínicas hospices.

Esses são alguns aspectos da rotina de cuidados paliativos no tratamento oncológico. O objetivo é proporcionar qualidade de vida ao paciente, prezando por sua dignidade e aspectos éticos.

Existem muitos mitos e barreiras que impedem as pessoas de procurar atendimento com equipe de cuidados paliativos. Algumas que podemos citar:

Cuidados paliativos são somente para pacientes em fase terminal

Está errado. Os cuidados paliativos são para pacientes com alguma doença crônica ou grave, independente do estágio da doença. E o mais importante, eles podem ser combinados com o tratamento curativo.

Falta de conhecimento

Muitas pessoas desconhecem os cuidados paliativos e não sabem como procurá-los. É importante educar a comunidade sobre o tema e como pode ser uma ajuda importante no tratamento.

Medo de perder o controle

Algumas pessoas têm medo de que, ao procurar cuidados paliativos, percam o controle de sua vida e dos cuidados dos médicos assistentes. É importante enfatizar que os cuidados paliativos são voltados para atender às necessidades do paciente e de sua família, com respeito às suas escolhas e decisões.

Barreiras culturais

Em algumas culturas, cuidados paliativos podem ser vistos como algo inferior, que tenha perdido a proposta de resolução. Ao entrar em acompanhamento com uma equipe de paliativistas, o paciente é orientado a manter o acompanhamento com sua equipe assistente e é trabalhado suas expectativas com relação ao tratamento e manejo de efeitos colaterais do tratamento.

A conscientização da sociedade sobre a importância dos cuidados paliativos é o primeiro passo. A equipe de saúde desempenha papel fundamental na identificação de pacientes que precisam de cuidados paliativos e deve sinalizar e encaminhar sempre que possível. O envolvimento da família e dos cuidadores é etapa fundamental no cuidado do paciente oncológico.

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