Câncer de ovário é o segundo câncer ginecológico mais comum nos países desenvolvidos, o terceiro em países em desenvolvimento e a segunda neoplasia maligna com a maior taxa de mortalidade entre as patologias ginecológicas.1 Globalmente, as estimativas são de 239.000 novos casos (3,6% de todos os casos de câncer) e 152.000 mortes anualmente.2 No Brasil, foram estimados 6.650 novos casos para o triênio 2020-2022.
As neoplasias malignas do Ovário podem ser originadas da superfície epitelial ovariana, das células germinativas ou do estroma do cordão sexual. Os tumores de origem epitelial são os mais comuns, representando 90% dos casos, tendo o subtipo histológico seroso de alto grau como o mais frequente.
Os principais fatores de risco para câncer de ovário são: história familiar (mutações nos genes BRCA1 / BRCA2, síndrome de Lynch), nuliparidade, infertilidade, endometriose, obesidade e idade avançada.3 Fatores protetores também são conhecidos, como por exemplo a multiparidade e o uso de contraceptivos.4
O rastreamento para o câncer de Ovário ainda continua sendo ineficaz, com isso, o diagnóstico é feito em fases avançadas da doença em 70-75% dos casos. A base do tratamento do câncer de ovário é a cirurgia associado, na grande maioria das vezes, a quimioterapia. Em casos iniciais bem selecionados, cirurgia exclusiva será o tratamento definitivo. Além da ressecção do tumor primário, o tratamento cirúrgico possibilita a realização da congelação intra-operatória, e sendo confirmado a suspeita de neoplasia maligna, permite a complementação do estadiamento, nos estádios iniciais ou a citorredução, nos estádios avançados5.
Avanços importantes vem sendo alcançados no tratamento do câncer de ovário, principalmente em pacientes com mutação do gene BRCA através da introdução dos inibidores de IPARP como terapia de manutenção.
Texto colaborativo de Dr. Flávio Teixeira
Médico Cirurgião oncológico membro titular pela SBCO
Especilista em Oncoginecologia pelo Hospital AC Camargo Cancer Center
Instagram: @drflavioteixeira
Referências:
1- Epithelial ovarian cancer – Stephanie Lheureux, Charlie Gourley, Ignace Vergote, Amit M Oza
2- Bray F , Ferlay J , Soerjomataram I , Siegel RL , Torre la , Jemal A . Estatísticas globais de câncer 2018: estimativas GLOBOCAN de incidência e mortalidade em todo o mundo para 36 cânceres em 185 países . CA Cancer J Clin. 2018 ; 68 : 394 – 424 .
3- Penninkilampi R. , Eslick GD . Uso de talco perineal e câncer de ovário: uma revisão sistemática e metanálise . Epidemiologia. 2018 ; 29 : 41 – 49 .
4- Trabert B , Poole EM , White E , et al. Uso de analgésicos e risco de câncer de ovário: uma análise no consórcio de coorte de câncer de ovário . J Natl Cancer Inst. 2019 ; 111 : 137 – 145 .
5- Banerjee S , Kaye SB . Novas estratégias no tratamento do câncer de ovário: perspectivas clínicas atuais e potencial futuro . Clin Cancer Res. 2013 ; 19 : 961 – 968 .
