A imunoterapia tem sido um agente no combate ao câncer pela sua capacidade de ativar o sistema imunológico sistema contra células tumorais, obtendo respostas robustas em determinados tipos de câncer como melanoma, linfoma de Hodgkin, rim, pulmão etc. Essas drogas, representadas principalmente por anti-CTLA-4 (ex.: Ipilimumab), anti-PD-1 (ex.: Nivolumab e Pembrolizumab) e os anti-PD-L1 (ex.: Atezolizumab, Durvalumab e Avelumab), podem em contrapartida, desencadear efeitos colaterais autoimunes, em particular doenças endocrinológicas.
Quais as endocrinopatias associadas a imunoterapia com essas drogas?
- Hipofisite (1-17%)
- Hipotireoidismo (2-10%)
- Hipertireoidismo (1-8%)
- Insuficiência adrenal primária (0,5-2,0%)
- Diabetes tipo 1 (1%)
Com isso percebemos que a alteração mais frequente é a hipofisite acompanhada dos distúrbios primários da tireoide, tanto o hipotireoidismo como o hipertireoidismo. Elas tendem a surgir por volta de 3-6 meses do início do uso da medicação.
Há diferença de acordo com o tipo de droga?
Sim. As drogas Anti-CTLA-4 estão mais associadas ao desenvolvimento de hipofisite e as Anti-PD-1 mais associadas ao hipotireoidismo. Quando a terapia é combinada (Anti-CTLA4 + Anti-PD-1) a incidência dessas complicações aumenta.
Como acompanhar os pacientes em uso dessa terapia?
- Perfil tireoidiano (TSH, T4L e anticorpos TRAb e Anti-TPO) no baseline a cada 3 meses.
- A hipofisite deve ser suspeitada sempre quando houver queixa de fadiga severa, dor de cabeça, redução da libido, amenorreia ou hiponatremia. Basais hipofisários (TSH, T4l, FSH, LH, Testosterona ou estradiol, cortisol sérico das 8h manhã e ACTH) devem ser solicitados no baseline e cada 6 meses ou na suspeita clínica.
Portanto, esses eventos adversos precisam ser vigiados e encaminhados para o especialista assim que identificados.
Referências:
- Priscilla Cukier, Fernando C Santini, Mariana Scaranti, Ana O Hoff. Endocr Relat Cancer. 2017
- Lee-Shing Chang, Romualdo Barroso-Sousa, Sara M Tolaney, F Stephen Hodi , Ursula B Kaiser, Le Min. Endocr Rev. 2019.