O câncer é uma doença que tem um importante viés molecular. O gene é uma unidade de sequência de DNA que codifica uma função específica. Os genes relacionados ao cancer são amplamente agrupados em dois grupos: proto-oncogenes e genes supressores tumorais.
Utilizaremos uma analogia clássica para apresentar as diferenças entre os dois tipos. Considere um carro como uma célula tumoral, com um acelerador (proto-oncogenes) e um freio (gene supressor tumoral). Ambos os grupos de genes trabalham com precisão, mantendo o crescimento celular e demais reações biológicas em equilíbrio constante.
Os proto-oncogenes são responsáveis pela formação de uma cascata de reações que culminam com a produção de fatores de crescimento celular e controle do ciclo celular, responsáveis por manter estímulos para o crescimento celular normal. Quando ocorre uma mutação nestes genes, são formados os oncogenes, que desencadeia a formação contínua de fatores de crescimento celular, promovendo crescimento celular desordenado. Chamamos de ganho de função. Este efeito se assemelha ao acelerador do carro pressionado; basta um oncogene mutado para que o estímulo celular ocorra de forma anormal. Exemplos de oncogenes: RAS, HER2, BRAF, RET, MET dentre outros.
Já os genes supressores tumorais, por sua vez, atuam como freios, então em condições normais eles funcionam como inibidores da carcinogênese (processo de formação da célula neoplásica).
No nível celular, os genes supressores de tumor atuam de forma recessiva, o que significa que a função da proteína normal é perdida apenas quando ambas as cópias (alelos) do gene são inativadas por mutações pontuais, rearranjos ou deleções. Exemplos de genes supressores tumorais: BRCA1, BRCA2, RB1, TP53 dentre outros.
Referências:
- DeVita, Hellman, and Rosenberg’s. Cancer Principles and Practice of Oncology. 10ed.
- Cancer Cell Cycles