Nas últimas décadas houve uma evolução do tratamento oncológico com o surgimento de terapias que impactaram positivamente os resultados. Após o diagnóstico, a discussão do tratamento entre paciente e médico oncologista abordará o tipo e estágio do tumor, proximidade/invasão do tumor com órgãos adjacentes, status clínico do paciente e suas comorbidades bem como as expectativas do tratamento e do paciente.
Cirurgia
Um dos principais pilares do tratamento oncológico. Em alguns casos, a cirurgia tem papel no diagnóstico e tratamento. As técnicas minimamente invasivas, como videolaparoscopia e robótica, trouxeram melhores desfechos com relação a controle de dor e menor tempo cirúrgico implicando em melhor qualidade de vida ao paciente. O tratamento cirúrgico pode ser empregado antes ou após o tratamento com quimioterapia e/ou radioterapia, e algumas das variáveis que influenciam esta decisão são o tipo de tumor e o estadiamento.
Radioterapia
A radioterapia é a modalidade clínica que trata do uso de radiações ionizantes no tratamento das neoplasias. O objetivo é tratar o câncer localmente, com o menor efeito colateral possível. Os fatores mais importantes que afetam os resultados da radioterapia são o tipo de tumor, sua localização e extensão regional, a área anatômica de envolvimento e a precisão geométrica do local a ser irradiado. Cerca de 60-65% dos pacientes com câncer necessitam da radioterapia como alguma parte de seu tratamento. As modalidades de tratamento incluem neoadjuvância, quando realizada antes de uma cirurgia com intuito curativo, até mesmo associada ou não a quimioterapia; adjuvância, quando realizada após procedimento cirúrgico curativo; paliativa, quando entra no contexto de controle de sintomas locais. Outras modalidades de tratamento incluem braquiterapia, realizada em tumores oculares ou de pelve, por exemplo.
Tratamentos ablativos
Ablação por radiofrequência, ablação por micro-ondas e crioablação são tratamento utilizados para destruir as células tumorais sem necessidade de removê-las. São importantes principalmente quando existe alguma contraindicação ou dificuldade cirúrgica do ponto de vista técnico para ser realizado. A aplicação destes tratamentos deve ser discutida de forma personalizada, visando o benefício da aplicação do procedimento com suplantação dos riscos.
Quimioterapia citotóxica
O tratamento com quimioterapia citotóxica é um dos pilares convencionais do tratamento oncológico. As diversas medicações em uso podem interferir de diversas formas no ciclo celular, com intuito final de interromper a proliferação das células. Podem ser utilizadas com intuito neoadjuvante, ou seja, antes do tratamento curativo (ex.: cirurgia); adjuvante, após a intervenção curativa, com intuito de exterminar as células remanescentes; curativa, com objetivo de cura completa do tumor; ou paliativa, com intuito de controle da doença. Podem ser utilizadas de forma isolada ou associado a terapia alvo, imunoterapia, radioterapia.
Hormonioterapia
Terapia utilizada para tratar canceres que utilizam de hormônios para estimular o crescimento celular. Este tratamento interrompe o crescimento celular pela via hormonal. Alguns canceres como o de mama ou próstata utilizam vias de crescimento celular que são estimuladas por receptores hormonais. Desta forma, ao bloquear os receptores hormonais ou reduzir o nível de hormônios circulante, existe o bloqueio da proliferação celular através desta via. Hormonioterapia também é chamado de terapia endócrina, terapia hormonal ou tratamento hormonal. Possui formulações orais e injetáveis.
Terapia alvo
Engloba o tratamento com medicações direcionadas a genes e proteínas que controlam o crescimento das células malignas e como elas se dividem e desenvolvem as metástases. A terapia alvo atua tanto nas células malignas como nas células que estão normais, desde que apresentem também o mesmo alvo. Isso pode levar a quadros de toxicidade que devem ser monitorizados. A terapia alvo não está disponível para todos os tipos de câncer, mas as pesquisas clínicas têm avançado na descoberta de muitos alvos moleculares que podem ser utilizados para tratamento. Ela pode ser utilizada de forma isolada ou associada a outras opções sistêmicas.
Imunoterapia
Tratamento utilizado como forma de estimular o próprio sistema imunológico do paciente a atuar contra o cancer.
CAR-T cell é um tratamento que envolve a imunoterapia e engenharia celular.
Transplante de medula óssea
O transplante de medula óssea é uma terapia que envolve a infusão de células tronco. Utilizada para tratamento em leucemias, linfomas, mieloma múltiplo ou tumores sólidos como tumores seminoma e não seminoma, com intuito de resgate.
Texto colaborativo de Dr. Augusto Leite Canguçu
Médico Oncologista e mestre em Oncologia pelo AC Camargo Câncer Center.
Rede social: @draugustocangucu