A dieta neutropênica, também chamada de dieta com baixo teor de microrganismos, é bem discutida na literatura e prática clínica. Entende-se por dieta neutropênica um tipo de alimentação que reduzirá os riscos de infecções através de alimentos contaminados. Porém não há um consenso sobre a composição desta dieta na literatura e cada profissional adota a recomendação que entende ser mais adequada.
A restrição de carnes em geral e ovos crus ou malpassados é praticamente unânime. Mas a restrição de frutas e hortaliças cruas varia muito entre profissionais e hospitais. O fato é que não há evidência cientifica sobre os benefícios do uso da dieta neutropênica. Este tipo de dieta não reduz taxas de infecção ou mortalidade por esta causa, na maioria dos estudos que compararam a dieta neutropênica com uma alimentação sem estas restrições.
Ainda, há a discussão do público que deveria receber esta dieta, caso seja prescrita, como por exemplo, para todos os pacientes em quimioterapia, para aqueles que evoluem com neutropenia ou todos os pacientes com diagnóstico oncológico. Assim como a composição, não há consenso sobre quais pacientes teriam maiores benefícios. Os estudos que mostraram que não há diferenças significativas nas taxas de infecção, em sua maioria, foram realizados com pacientes com diagnóstico de neoplasia hematológica em quimioterapia convencional ou quimioterapia de condicionamento.
Diante da falta de evidências sobre esta dieta, recomenda-se cuidados de segurança alimentar, que vale para todos os pacientes com câncer, neutropenicos ou não, em qualquer fase do tratamento, mas sem necessidade de restrições. Pacientes oncológicos já apresentam diversas alterações e efeitos adversos dos tratamentos que dificultam a aceitação alimentar e muitas vezes a fruta é a preferência, por ser suavemente adocicada, fresca e leve. Imagine se este paciente tem a restrição de comer um dos poucos alimentos que está conseguindo? Poderia ser fruta cozida? Sim. Mas o consumo diário (e várias vezes por dia) de fruta cozida não é tão agradável como a fruta crua e o paciente enjoa mais rápido.
A segurança alimentar garante o consumo de alimentos saudáveis com redução do risco de contaminação durante o tratamento. Todos os pacientes oncológicos devem receber orientações sobre a segurança alimentar, que são:
- Evitar o consumo de carnes (carne, peixe e frango) e ovos na forma crua ou malpassada;
- Frutas, verduras e legumes podem ser consumidos crus, desde que seja realizada a higienização com hipoclorito de sódio;
- Laticínios devem ser sempre pasteurizados; – evitar compra de grãos, cereais e sementes a granel, preferindo a compra de embalagens previamente fechadas;
Muito boa a explicação.