A mucosite oral é uma condição inflamatória dolorosa, frequentemente ulcerada, causada pela toxicidade direta ou indireta dos agentes comumente utilizados nas terapias anti-neoplásicas: medicações quimioterápicas e a radiação ionizante.
A fisiopatologia da mucosite oral é composta por cinco fases:
- Início dos danos da mucosa oral induzidos pela quimio ou radioterapia;
- Danos primários causados pela geração de espécies reativas de oxigênio;
- Amplificação dos danos devido à resposta inflamatória do hospedeiro;
- Ulceração da mucosa resultante da apoptose e necrose epitelial;
- Reparo tecidual.
Existem diferentes classificações para determinar os graus de mucosite oral. Em geral, a severidade do caso varia de acordo com as características clínicas e extensão das lesões, assim como os prejuízos que elas causam nas funções de alimentação e deglutição do paciente.
A mucosite oral afeta, em algum grau, quase todos os pacientes irradiados em região de cabeça e pescoço; e cerca de 75 a 100% dos pacientes submetidos ao transplante de células tronco hematopoéticas. A ocorrência de mucosite oral é bastante variada em pacientes sob regime quimioterápico, a depender do tipo e dose do medicamento utilizado e fatores relacionados ao paciente, tais como a idade, as condições de higienização oral. Alguns quimioterápicos são conhecidos por serem mais mucotóxicos, dentre eles as drogas citostáticas que contém os seguintes compostos: 5-fluoracil (5-FU), Metotrexato em altas doses (MTX), Vinblastina, Doxorubicina, Etoposídeo, entre outros.
Diversas complicações sistêmicas podem ocorrer nos casos mais graves de mucosite. A ruptura da barreira da mucosa oral gera um ambiente favorável para contaminação bacteriana, aumentando o risco de infecções secundárias sistêmicas. Além disso, a mucosite oral grave pode prejudicar ou impossibilitar a alimentação, resultando na necessidade de nutrição enteral ou parenteral, internações prolongadas e até mesmo interrupções do tratamento oncológico.
Além dos cuidados orais básicos (correta higienização oral com escova e pasta dental adequadas), existem terapias complementares que podem auxiliar ainda mais a qualidade de vida durante o tratamento oncológico. Nesse sentido, estratégias eficazes para a prevenção e manejo da mucosite oral são o uso da laserterapia de baixa-intensidade, que possui atividades analgésicas, anti-inflamatórias e regenerativas, bem como medicamentos orais tópicos.
Você sabia que existem profissionais de saúde especializados no cuidado da saúde oral, prevenção e tratamentos destas e outras complicações do tratamento oncológico na cavidade oral? Mantenha-se informado e procure um dentista especialista em Oncologia para melhor esclarecer as suas dúvidas.
Referências:
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